Capítulo 3
- maridasx8
- 10 de fev. de 2017
- 24 min de leitura
Me encaminhando para o café da manhã, organizo meus pensamentos em relação aos meus planos de aproximação. Não é como se a Lea fosse receber todas as minhas gentilezas de braços abertos, porque, além do mais, não conversamos por vontade própria já fazem dois anos. Tenho que ir com calma para não assustá-la, começar pelo começo, conhecê-la de novo e deixar que ela me conheça também. Mas quando eu entro na sala de café da manhã e a vejo, com um sorriso descontraído chegando aos olhos, quando escuto sua gargalhada baixinha, duvido da minha capacidade de me segurar e não me apaixonar.
***
Devona está me ajudando a me trocar para me encontrar com o Ryan. Desde a noite em que eu subornei os guardas para conseguir sair do castelo e tomar um ar fresco, o príncipe está sendo bem gentil comigo. Mas não parece ser aquela gentileza forçada dos últimos anos. Ele parecia estar sendo gentil comigo porque quer, ou simplesmente porque decidiu que eu não terei muita opção além da de aceitar o pedido de casamento, e o mínimo que teremos que ter como companheiros de cama e de vida será uma boa convivência. - Este vestido não! - impeço Devona quando vejo o vestido amarelo com detalhes de gotas de pérolas por toda a barra da saia rodada - Pegue o vestido vinho, aquele com pouco tule. Sugiro. - Mas, madame! Ele é o seu melhor vestido! - Devona exclama, surpresa. - Sim, e se eu o tenho, devo usá-lo. E que ocasião melhor do que um encontro com o príncipe? - eu digo. A expressão de Devona muda rapidamente. -Hm... É impressão minha ou a senhorita está apaixonada? - ela diz, um pouco maliciosa. -Como? Oh, sinto muito, você se enganou, Devona! - afirmo. A certeza que eu tinha em meus pensamentos não foi expressada exatamente como eu queria pela minha voz. -Oh, sinto muito, então. Eu só pensei isso porque agora a senhorita está mais preocupada com a aparência que vai ter, o que vai falar, o horário em que deve chegar... Está muito mais atenciosa em relação a esses encontros obrigatórios que você tanto odiava. - ela disse, apertando meu corpete e me ajudando a me arrumar. Me encarava no grande espelho, refletindo sobre o que estava ouvindo e ajeitando o vestido vinho com detalhes em dourado e preto por toda a saia. Até poucos dias atrás, eu nem me importava com esses encontros. Devona escolhia um vestido qualquer para mim, que eu vestia sem a menor vontade. Sempre chegava um pouco atrasada e às vezes eu não me importava com certos detalhes mínimos da etiqueta, recebendo sermões do meu tio depois que Ryan ia embora. Talvez eu esteja mesmo começando a gostar um pouco de Ryan, a olhá-lo com outros olhos. Acho que a minha gentileza com ele talvez não fosse mais tão forçada, talvez eu estivesse começando a gostar dele. Assim que esse pensamento cheio de"talvezes" invade minha cabeça, a balanço, como forma de dispersar essa probabilidade. Eu não gostava dele, não mais. O que eu fazia era por obrigação. Afinal, era meu dever me casar com ele e garantir o empenho do Reino Unido. Suspirei fundo e fui até minha cama, calçando os sapatos da mesma cor do vestido. Coloquei um colar dourado com pequenas pedras pretas em volta e uma maior bem no meio. Desci as escadarias, chegando à grande sala de café da manhã alguns minutos antes do horário. -Catherine! - exclamo, assim que vejo minha amiga. Corro em sua direção, mesmo com o vestido atrapalhando, e a abraço forte - Como foi a visita? - eu perguntei. Catherine tinha ido visitar a tia, para ajudá-la um pouco com os seus primos. Devona teria ido, mas como empregada oficial do castelo, ela não poderia se ausentar. Mas Catherine, ainda uma aprendiz, pôde ficar alguns dias fora, mesmo que poucos. -Oh, estou feliz em voltar. Eu amo meus primos, mas eles são verdadeiros animais! - ela brinca. Rio de seu comentário - Mas é verdade! Eles não param quietos um segundo, fazendo bagunça por toda parte e o tempo todo! - ela reclama, me fazendo rir mais. Assim que escuto o barulho dos sapatos masculinos batendo nos degraus da escadaria, me recomponho. Catherine se dirige à área dos empregados, me deixando sozinha no salão. -Bom dia, senhorita. - diz Ryan, fazendo uma reverência. -Bom dia. - respondo, fazendo uma reverência moderada que o Rei havia me ensinado há muito tempo. Ryan puxa uma das cadeiras para que eu me sente, e se senta na cadeira à minha frente. Ficamos alguns segundos olhando para o banquete na grande mesa à nossa frente, quando o meu tio interrompe. -Desculpem-me o atraso, estava resolvendo um problema com a guarda real. - ele diz, se sentando na ponta da mesa. Engulo em seco ao pensar se meu tio havia descoberto sobre minha saída e o suborno, e se puniria à mim e aos guardas que me deixaram passar. - Que tipo de problema? - pergunto inocentemente. - Uma visita indesejada ao castelo, Lea. - Que visita... - Ryan começar a perguntar, mas é interrompido por uma voz vinda da entrada. - Senhor! Um rapaz chamado Maximilian insiste em dizer que é seu filho! Devo deixá-lo entrar? Reteso meu corpo. A imagem de um garoto magricela, de cabelo seboso e puxando meus cabelos invade minha mente. Ele não. Meu tio suspira e faz um sinal para que o guarda o deixe entrar. - Ora, ora! Se não é o meu pai querido me permitindo entrar em sua casa! - escuto sua voz, antes mesmo de vê-lo. Me viro lentamente para ver meu primo bastardo, que há mais de oito anos não via. Não tenho nem palavras para descrever quanto ele mudou. Onde estão aquelas pernas longas e desproporcionais? E os dentes que faltavam? Cadê os braços magricelas e as sardas que tanto impestiavam seu rosto? Tudo o que eu vejo agora são braços fortes e musculosos, um rosto impecável e bem torneado pelos cabelos, que caíam em uma franja sobre os olhos azuis escuros, assim como os do pai dele. - O quê você quer aqui, Maximilian? - meu tio pergunta. - Bem, não é como se a notícia do pedido de casamento não tivesse chegado aos meus ouvidos! - ele me olha, intrigado - E como eu sabia que não seria convidado, resolvi vir por conta própria. Resolvo interferir na conversa, antes que os dois acabassem se matando com o olhar. - Muito gentil da sua parte vir aqui nos prestigiar, Max. Mas o noivado ainda não está confirmado. - Sim, não temos nada confirmado ainda. - Ryan me apoia. Sinto o olhar de Max viajar de mim para o Ryan, com um sorriso brincalhão e maldoso no rosto. - Vossa Alteza - Max faz uma reverência exagerada, quase se desequilibrando ao abaixar-se - Como não? Os seus poemas românticos ainda não fisgaram o coraçãozinho de gelo da minha prima? - debocha. Richard suspira alto e sem paciência. Depois ele olha para mim com raiva e diz, autoritário: - Já está praticamente confirmado, Maximilian. - Não, não está! - esbravejo, me levantando da mesa. Max olha para mim, intrigado. - Já está sim! - meu tio diz impaciente, sem me deixar com opção alguma de dizer não. Ryan se levanta e tenta vir até mim, mas eu levanto a mão, o impedindo de se aproximar. - Se está tão certo de que vou mesmo aceitar, por que se deu ao trabalho de me pedir? - Costumes. Mas se eu quiser que você se case, você vai se casar. Porque EU sou o rei da Inglaterra, e você é, queira ou não, minha sobrinha, uma mulher, que se eu quiser mandar se casar com o dono da padaria você vai se casar! Então, use este resto de tempo que lhe dei para escolher: vai se casar voluntariamente ou não? Suspiro indignada e bato com as mãos na mesa. Arrasto para trás a minha cadeira e saio do salão, deixando Max com um olhar divertido e intrigado para trás. - Lea! - Ryan grita atrás de mim, enquanto corro sem me importar com a droga da etiqueta. Continuo correndo, tentando fugir dele e esconder as lágrimas de raiva que rolam pelo meu rosto. Mas obviamente, Ryan corre mais rápido que eu. Ele segura o meu braço e me vira para ele, enquanto tento de todo jeito esconder meu rosto. - Lea, olha para mim! - ele pede. - Se você veio atrás de mim somente para defender meu tio, dizendo que de todo jeito vou acabar sendo sua esposa, pode ir embora! Não preciso que ninguém mais controle minha vida! - grito. Tento correr novamente, mas Ryan segura meus braços com firmeza, embora não me machuque. - Lea, será que pelo menos uma vez você pode olhar para mim?! - ele pede. Me surpreendo com seu tom, o que me faz pensar que devo ter sido dura demais. Levanto os olhos para ele, encarando as duas esferas azuis brilhantes que são seus olhos. Eu nunca tinha reparado no quanto eles são bonitos, no quanto ele é bonito. - Eu não queria que isso tivesse acontecido. Não queria ter que adiar o casamento, lutei veementemente contra isso! Sabia que não ia querer também, e que ficaria revoltada ao saber que tem tão pouco tempo para decidir se vai querer casar com alguém que não gosta, e sabendo que não tem opção alguma senão fazê-lo! Mas eu também não tenho muita opção! Meu país está caindo, e sem o apoio da Inglaterra, a Irlanda vai desmoronar em pouco tempo! Se eu pudesse dar a nós um tempo para acostumarmos com a ideia, aprendermos a gostar um do outro, eu o faria. Então o máximo que temos que fazer é torcer para que dê certo e que não vivamos infelizes um com o outro. Olho para ele, as lágrimas já pararam de cair. Que egoísta que eu sou. Fiquei tanto tempo preocupada com o quanto eu estava infeliz com isso, que ignorei a hipótese de Ryan não querer se casar comigo. De ele ter outros sonhos, de ele ter alguém de que goste, assim como eu tenho o Sean. O Sean que aparentemente está me evitando o máximo possível e me repelindo sempre que tento alguma coisa, o que acaba com meus planos de aproveitar com ele enquanto não sou noiva de ninguém. - Lea, eu realmente quero te mostrar que talvez a gente possa se acomodar a essa ideia de casamento, quero te mostrar que eu não sou mais aquele garoto que você repudiou há dois anos atrás. Quero mostrar para você o homem que eu estou tentando me tornar, mas só posso fazer isso se você deixar. Retiro minhas mãos do rosto e deixo que ele limpe minhas lágrimas com o polegar, acariciando meu rosto. Seu toque é quente em minha pele, e deixa um rastro de calor ao tocar minhas bochechas molhadas. - Me desculpe, Ryan. Eu não tinha... Parado para pensar sobre o quanto você está sendo afetado com toda essa... História de casamento. - peço, envergonhada - Mas eu vou aceitar, não precisa ser gentil assim comigo para que eu diga "sim". Além do mais, não tenho muita opção, como você ouviu. - digo a última frase amargamente. Ryan me oferece o braço e abre um lindo sorriso que, não sei porque, mas faz com que eu sinta um calor bem no fundo do meu estômago. - Eu sei que não preciso. - ele abre mais o sorriso, o deixando chegar aos olhos azuis - Mas eu quero. Surpreendo-me com a declaração, levantando um pouco a sobrancelha. Se vamos nos casar, que ao menos gostemos um pouco um do outro. É com esse pensamento que lhe abro um sorriso delicado e aceito seu braço. - Então me diga, Lea. Lhe ensinaram a cavalgar? E nesse momento eu me permito pensar se é tão impossível assim que eu seja feliz algum dia com ele.
***
O vento bate no meu rosto, levando para longe os fios de cabelo dourados que por acaso viesse a baterem em minha face. Sinto abaixo de mim a força do animal, que galopa à toda pelos vales ingleses. Uma sensação de felicidade que há muito tempo não me alcançava tomava conta de mim, me trazendo um sorriso verdadeiro que eu pensava não ser mais capaz de ter no rosto. Há muito tempo eu não cavalgava. Eu o fazia sempre com meu tio, antes dele começar a me tratar como um peão num jogo de xadrez. Eu havia esquecido a sensação. Atrás de mim, num belíssimo corcel castanho, Ryan cavalgava tentando me alcançar, embora não pareça nem um pouco chateado por ter ficado para trás. Puxo lentamente as rédeas dá minha égua branca, que reduz seus passos até virarem uma caminhada lenta, enquanto espero que o príncipe nos alcance. Quando ele chega e posiciona-se ao meu lado, não consigo evitar o grande sorriso que ainda toma posse do meu rosto. O sorriso dele só aumentava mais a minha vontade de sorrir. - Parece que realmente te ensinaram a cavalgar! - ele brinca. Solto uma gargalhada, sem me preocupar com qualquer tipo de repreensão. - Eu não vinha desde que tinha dez anos! Acho que você é quem não possui está habilidade! - o provoco de volta. - Bem, eu possuo outras habilidades! - ele argumenta. - Como qual? - Distrair belas donzelas para poder vencer! - e sai em disparada em direção a um grande lago, me deixando para trás. Sorrio e balanço a cabeça, estalando as rédeas e atiçando a égua a correr atrás de Ryan. O sol estava quente em meu rosto, me obrigando a estreitar os olhos para enxergar onde o príncipe estava. O lago em que ele estava parado é cercado de árvores, com algumas pedras ao seu redor. A água está cristalina, permitindo-nos enxergar a areia provavelmente fofa do seu fundo. Ryan, que a este ponto já desmontou e amarrou o cavalo em uma árvore perto do lago para que ele possa beber água e pastar, caminha em nossa direção. - Que cavalheiro! Distraindo uma moça para ganhar vantagem! - o provoco, enquanto lhe entrego as rédeas do corcel. Ele abaixa a cabeça e sorri, exibindo dentes tão brancos quanto as nuvens de um céu azul. - Perdoe-me, Milady, mas não resisti! Ele amarra a corda do meu cavalo ao lado do seu, dando dois nós fortes ao redor do tronco da árvore. - Permita-me. - ele pede, me oferecendo a mão para me ajudar a descer. Aceito sua mão. Ele segura a minha firmemente com uma e com a outra, a minha cintura. Eu já havia passado minha perna para o lado em que deveria, quando meu pé agarra na tira de couro e tropeço, perdendo o equilíbrio e caindo em cima de Ryan. Este, surpreendido pela minha queda, solta a minha mão e segura com as duas mãos a minha cintura, impedindo-me de cair. Arfo ao segurar com força seus ombros, esperando pela queda que não vem. Quando abro meus olhos, bem devagar, reparo o quanto meu rosto estava próximo ao de Ryan. Sinto sua respiração quente em meu rosto, e a atração dos seus olhos azuis sobre mim. Estou focada nele, com a respiração travada e resistindo ao impulso de me aproximar mais ao tentar lembrar do sabor que seus lábios costumavam ter quando mais jovem. Respiro fundo e desconecto nossos olhares, olhando para baixo. Sinto a respiração de Ryan também e ele me coloca no chão, mas mantendo as mãos na minha cintura. Solto minhas mãos de seus ombros e me afasto, deixando suas mão caírem ao lado de seu corpo. Ficamos em meio a um silêncio constrangedor. Por que eu não me rendi e o beijei? Já seremos casados mesmo, qual seria o problema em deixar fluir? Eu sei a resposta para isso. Sean. Eu não converso com ele há dois dias, e ele não veio me procurar. Possivelmente ele já encontrou companhia mais agradável que a minha ou não quer se aproximar por saber que não poderei ser dele. Mas se eu beijasse Ryan, por conta própria e iniciativa minha, eu sentiria que o estava traindo. No entanto, acho que se ele tivesse a iniciativa e me beijasse eu não recuaria. Por quê? Porque basicamente ele é a primeira pessoa que me põe um sorriso no rosto desde que fez o pedido de casamento. E também porque, tenho que admitir para mim mesma, ele não é o mesmo garoto com quem briguei na minha festa de 16 anos há dois anos atrás. Ele ainda é um garoto, mas está tentando se tornar um homem. Antes de virmos cavalgar nós tivemos uma longa conversa. Falamos sobre nossas viagens, sobre alguns acontecimentos engraçados que não sabíamos um sobre o outro somente por orgulho, sobre o excesso de regras na corte... Tudo, menos nós. Então ele me levou para cavalgar e aqui estamos, neste momento constrangedor que eu, por algum motivo, prefiro fingir que não aconteceu. Ryan passa a mão na nuca e olha para baixo, aparentemente constrangido. Aliso a saia do meu vestido e coço a garganta, para quebrar o silêncio. - Então era aqui que queria me trazer? Não me lembrava de ter vindo aqui algum dia... - comento. - É porque você e seu tio costumavam cavalgar para o outro lado, em direção aos rochedos. - ele aponta para os picos do lado oposto ao nosso, do outro lado do esplendoroso castelo - Eu sempre vinha aqui quando vinha te visitar. Estranho isso. Quando ele vinha me visitar nós dois nos dávamos bem, eu tinha 14 e ele 16. Por que nunca me trouxe aqui, sabendo que gostava de cavalgar? Aparentemente notando minha expressão contestadora, Ryan responde essa pergunta para mim: - Assim que eu descobri este lugar, eu voltei direto para o castelo te buscar. Mas no meio do caminho eu encontrei a minha mãe, ela me perguntou o porquê de toda a minha pressa. Quando eu contei que ia te levar para um lugar distante do castelo e sozinha, ela me proibiu de fazê-lo. Disse que eu já era bem grandinho para saber no que isso poderia dar, ainda mais com a afeição a mais que estávamos demonstrando nos últimos encontros. Pisco de surpresa. A rainha Kiara? Impedindo nossos encontros? Mas por que disso? Não seria muito melhor para a aliança se eu simplesmente tivesse engravidado, obrigando-o a se casar comigo e desta forma cumprindo o tratado? - Por que sua mãe não iria querer que a gente se encontrasse? Ele dá de ombros e depois abre os braços. - Mas agora estamos aqui! Você é maior de idade, não podem te obrigar a ficar e nem me obrigar a não te trazer! Depois de anos, finalmente consegui te trazer! Ri de sua fala rebelde. Depois corro em sua direção e empurro um dos seus ombros. Ele olha para mim em tom de contestação e eu devolvo um sorriso de provocação, voltando a correr ao redor do lago. Escuto seus passos atrás de mim, enquanto sorrio e solto uma gargalhada alta livremente. Meus sapatos estavam realmente me atrapalhando na brincadeira, então sabe o que eu faço? Exatamente o que tenho vontade de fazer todos os dias: chuto-os dos meus pés, largando-os no meio dá relva baixinha dos arredores do lago. Me viro de frente para Ryan, correndo de costas e admiro seu sorriso e a cor que seus olhos adquiriram com o reflexo da água e o céu azul. Eles brilhavam como duas safiras redondas em seu rosto imaculado. Os cabelos, dourados como os meus, voavam atrás de si. Percebo que ele está chegando perto demais de mim e volto a correr de frente e mais rápido. Obviamente, Ryan é bem mais rápido que eu e acaba me alcançando. Ele me agarra pela cintura e me vira para ele. No entanto, nós dois paramos bruscamente demais de correr a acabamos caindo. Eu caio em cima dele e ele me envolve em seus braços para me proteger, enquanto rio histericamente, acompanhando o som de sua risada. Quando finalmente paramos de rolar, nos encontramos em uma relva mais alta, pintada aqui ou ali por tufos de florzinhas brancas. Estou deitada no chão, rindo de olhos fechados. Quando abro-os, me deparo com Ryan se sustentando pelos cotovelos acima de mim. O azul de seus olhos me fascina tanto quanto fascinava quando éramos mais jovens, jovens e apaixonados. Olho para sua boca rosada, macia e convidativa, depois novamente para seus olhos, que agora haviam perdido o ar de diversão. Agora ele olhava fixamente para a minha boca, mordendo levemente o lábio inferior. Tenho que resistir, tenho que resistir. Ele se aproxima mais de mim. Já sinto sua respiração em meu rosto. Não vou conseguir. Já estou de olhos fechados, apenas esperando o seus lábios tocarem os meus. Posso resistir, posso. Sinto seus lábios macios nos meus, quentes e doces. Não retribuo, não faço nada. Ele afasta o rosto, apenas para me olhar nos olhos com ar saudoso e que para mim parece tão sedutor. Mas a ficha já caiu. Não consegui. No segundo em que seus olhos se fecham e ele se inclina de novo para mim, fecho meus olhos também. Sinto nossos lábios sendo selados, retribuindo. Nos separamos novamente, mas toco seu rosto com as pontas dos dedos e ele se inclina mais uma vez, desta vez mais confiante. Eu não lembrava da sensação do seu beijo. Não me lembrava do quanto a sensação era prazerosa até mesmo sem nenhum outro contato do nosso corpo. Nem mesmo do gosto doce e refrescante de sua boca, da maciez dos seus lábios. Ryan me beijava sem pressa, sentindo cada centímetro da minha boca, acariciando meus lábios com os seus de forma que me deixava arrepiada. Me beijava com segurança, não da forma hesitante com que Sean me beijava, como se a qualquer segundo alguém fosse aparecer e sua cabeça fosse ser cortada. O beijo de Ryan parecia ser correto, leve, sublime, de forma que relaxou todos os músculos do meu corpo. Eu segurava sua nuca, acariciando seus cabelos dourados e puxando-o mais para mim. Eu havia dobrado uma das pernas, para que ele pudesse se apoiar em um dos joelhos. Ryan segurou meu queixo com uma das mãos carinhosamente, dando firmeza ao beijo. Não sei por quanto tempo nos beijamos, não sei porque e nem como aconteceu. E também não sei porque eu, em algum segundo de arrependimento, o interrompi. Coloco as mãos no peito de Ryan e o afasto, me levantando. Meu rosto provavelmente está vermelho e meus cabelos estão um desastre, mas preciso sair dali. Este beijo ressuscitou coisas dentro de mim, coisas fortes demais para eu conseguir receber sem parar para pensar, muito menos durante um beijo como aquele. - Eu... Acho melhor eu voltar para o castelo. - afirmo, com menos firmeza do que eu queria. Ryan se ajoelha na relva, com os cabelos voando ao vento do descampado em que acabamos caindo. A jaqueta de couro, que só agora percebo ser uma jaqueta de caçada, está aberta, deixando a camisa de algodão branca colada ao seu corpo. - Lea... Eu... - ele tenta dizer, mas a este ponto eu já estou subindo até onde deixamos nossos cavalos. Calço rapidamente os meus sapatos e desamarro meu cavalo da árvore enquanto escuto Ryan gritando por mim. Acho injusto tê-lo deixado sozinho, sem nenhuma explicação depois do beijo. Mas eu não conseguiria absorver tudo isso e... Também tem o fato de eu estar morrendo de vergonha. Subo no cavalo e estalo as rédeas, fazendo a égua branca zarpar em direção ao castelo. Meu rosto ainda estava queimando de constrangimento enquanto vários momentos se passavam na minha cabeça. Em especial, meu primeiro beijo, que não foi exatamente como eu contei para a Lora. Tem umas partes que eu deixei de lado, talvez porque eu estivesse com medo de ressuscitar coisas que naquele momento não precisavam ser lembradas. Mas agora não há como evitar. Meu primeiro beijo realmente foi com o tal filho do duque, que não me reconheceu e me beijou para enciumar outra garota. Mas o que não contei para Lora, foi o que aconteceu depois disso. Quando aconteceu eu tinha 13 anos, uma fase em que eu Ryan éramos mais que amigos: éramos apaixonados. Não era aquela paixão enfervecente que eu sinto pelo Sean, mas por algum motivo a distância está esfriando. Era uma paixão doce de criança, assim como a paixonite de Lora e Henry. Depois que o beijo aconteceu, eu voltei correndo para o castelo para encontrá-lo. Assim que contei sobre o que aconteceu, Ryan, que estava com seus 15 anos, quis saber imediatamente quem havia cometido tamanho ultraje à minha pessoa. Mas eu o convenci de que estava tudo bem e que não havia nenhuma necessidade dele confrontar o garoto. Com algum custo, ele se acalmou e continuamos nosso dia. Mas durante todo o tempo ele me perguntava se eu estava bem, e se tinha sido muito ruim. Eu respondia que não havia sido uma experiência muito boa, além do fato de eu nem ao menos conhecer o rapaz. Ao fim do dia, depois do jantar, Ryan me acompanhou até meus aposentos para me dar boa noite. Quando fomos nos despedir, ele me presenteou com um beijo de boa noite, que não merece nem ser comparado ao primeiro. Depois, ele sorriu para uma Lea perplexa e abobalhada dizendo: - Para o caso de o primeiro ter sido muito ruim, você pode apagá-lo da sua memória e substituir por este. E quem diria que, alguns anos depois, eu estaria fazendo exatamente o oposto contando a outra história de primeiro beijo para Lora, somente para apagar da minha memória os sentimentos antigos que tento oprimir, apenas pela rebeldia de me opor ao que me era imposto. Que madura que eu sou. Me aproximo dos portões do estábulo central do castelo e mantenho a velocidade. Entrego a égua ao criado e vou para dentro do castelo procurar Catherine, preciso de alguém pra me ajudar a entender tudo isso. Corro para a área dos empregados, na esperança de encontrá-la lá, lendo um livro, como de costume. Atravesso o grande salão, olhando o tempo todo ao meu redor, caso ela passasse. Viro num corredor comprido e um pouco mais estreito que os outros, tentando manter a velocidade. Mas perco o ritmo assim que meu corpo bate de encontro a alguém. Noto que é um guarda, pelo uniforme azul escuro, ergo a cabeça para me dirigir a ele. -Sean... - eu consigo balbuciar, gaguejando um pouco. Vários momentos vem à minha mente, inclusive a conversa que tivemos no meu quarto, nossos encontros, o beijo que eu e Ryan havíamos dado há pouco tempo. De repente, toda essa ideia de casamento, parecia tão certa, mas ao mesmo tempo tão errada...Por que alguém deveria abrir mão da própria felicidade? Por que EU deveria fazê-lo? Algumas palavras de Lora ecoaram em minha cabeça. Era o meu dever. E o empenho da Irlanda e de todo o Reino Unido dependia da minha resposta. E caso eu fosse egoísta o bastante para dizer não, ser renegada e viver o amor da minha vida, eu seria a culpada pela queda de boa parte da Europa, e pelo começo de várias guerras e mortes. Todos esses pensamentos invadiram minha cabeça em segundos, e assim que me despertei do transe, eu prestei atenção à expressão de Sean. Ele parecia perdido, sofrendo. Como se não soubesse o que fazer e isso doesse profundamente nele. Notei que aquele momento estava ficando mais constrangedor, e outros empregados que passavam por ali começavam a olhar e estranhar. Demonstrei que gostaria de continuar a andar, e Sean me deu passagem, fazendo uma reverência. Recupero o ritmo e volto a correr. Entro na cozinha, e encontro Catherine exatamente onde eu havia pensado que encontraria. Ela estava sentada em uma cadeira próxima à mesa que ficava bem no meio da cozinha, que os empregados usavam como bancada. Meus sapatos deslizam um pouco, fazendo com que, na hora de parar, eu acabasse escorregando me apoiasse sobre os joelhos de Catherine. Pego o livro que havia caído no chão, e a entrego. -Catherine... Eu e o Ryan... Tivemos uma longa conversa... E depois fomos cavalgar... E ele me beijou... Aí eu beijei ele... E depois a gente se beijou... - eu disse, entre suspiros para recuperar o ar. Estava muito ofegante, por correr tanto, e com o corpete que dificultava a minha respiração. Olhei para minha amiga, esperando uma reação qualquer. Depois de alguns segundos, ela resolveu falar. -Oh, meu Deus, Lea! Entende o que está acontecendo? Você e o príncipe estão se acostumando com a ideia de se casar, e estão aprendendo a se amar!! - ela disse, se levantando da cadeira, pulando de ânimo e batendo palmas. -Sim, mas... - eu digo, a puxando pelo braço para fora da cozinha e subindo as escadas para o meu quarto. Assim que me vi segura e sozinha com Catherine dentro do cômodo, continuei - ... E o Sean? - eu pergunto, num sussurro. Mesmo que estivéssemos sozinhas, ainda era um pouco arriscado. -É um amor proibido, né... Vocês não poderiam ficar juntos no final. E você merece ser feliz. Quanto antes você começar a amar o príncipe Ryan, melhor. Para todos. Por mais que eu odiasse admitir, ela tinha razão. -Eu sei, mas... Eu não sou noiva ainda. E ele está me evitando completamente, não me deixando aproveitar que eu ainda posso tê-lo! - eu disse, me deitando na cama, cansada de ter que me preocupar com esses detalhes. -Talvez ele esteja te evitando para ser menos doloroso no final, para já se acostumar com a ideia de que não poderá ficar com você. E do jeito que vocês estão, talvez até poderiam fazer coisas precipitadas... - ela concluiu. Fazia sentido, Sean se afastar de mim para não sofrer tanto assim. Para, ao invés de se separar de mim repentinamente, se afastar aos poucos para não ser uma mudança tão drástica. Mas eu não creio que nós passaríamos do limite. Estava pensando sobre tudo isso em silêncio, e Catherine me observava, esperando uma reação. -Quero dizer, você precisa estar pura na noite da consumação, para dar à Irlanda um herdeiro legítimo! Caso você tivesse perdido a virgindade com outro homem, o futuro rei poderia não compartilhar do sangue do príncipe Ryan, e isso seria um grande problema para o equilíbrio do Reino Unido e da aliança entre Inglaterra e Irlanda! - ela completou. Mesmo quando falava rápido e fazia gestos, eu podia entender o que ela queria dizer. -Eu tenho que guardar a minha virgindade e ser fiel a um homem que pode se satisfazer com quantas damas quiser. Mas e você? Você pode ser galanteada e não precisa se preocupar que está comprometida desde que se entende por gente! Você pode se casar com quem ama sem se preocupar se sua decisão vai influenciar um país inteiro! - eu disse, me sentando na cama novamente. -É... Em compensação, quem poderia desejar uma mera aprendiz de empregada? - ela disse, cabisbaixa. -Talvez não uma aprendiz de empregada, mas quem sabe a dama de companhia da futura rainha da Irlanda? - eu murmurei, alto o suficiente para que ela ouvisse. -Como assim? - ela perguntou, desentendida, mas ao mesmo tempo, animada. -Quando eu me tornar princesa e depois rainha da Irlanda, eu precisarei de damas de companhia... E quem seria melhor do que uma amiga que me acompanha a vida inteira? - eu falei, podendo ver seu sorriso se abrir em seu rosto redondo e delicado. -Ma-mas, eu sou apenas uma aprendiz de empregada, lembra? - ela gaguejou um pouco, surpresa. -Eu falarei com meu tio e com Ryan, eles vão promovê-la! Eu quero você como uma das damas, independente de qualquer coisa! - eu terminei de dizer, segurando as mãos de Catherine. Seus lábios mexeram, dizendo um "Obrigada" silencioso, logo em seguida, me abraçando. Posso dizer que fiz isso pela Catherine, pela família dela. Mas não posso dizer que esse é o único motivo. Quando eu for para a Irlanda, precisarei de alguém para me manter sã. Alguém que me veja além de uma simples aliança. Alguém em quem eu possa confiar. Por mais que, ao me casar com Ryan, eu deveria estar me entregando de corpo e alma a ele, não tem nada que garanta que ele o fará também. E por um momento, abraçando Catherine, fico feliz por não entrar nessa sozinha.
***
Na sala do trono, o clima no ar era tenso. Embora todos já saibamos que não tenho opção de escolha, e que me casarei com Ryan, eu deveria declarar se seria à força ou não. Meus dedos do pé se mexiam dentro do meu sapato salmão, que combinava com os detalhes floridos do meu vestido pérola, levemente rosado. Rodava o anel que estava há anos em minha mão direita, no dedo anelar. O anel que minha mãe havia deixado para mim. Eu sempre pensei que ela estaria comigo nesse momento. Que me apoiaria e defenderia minha decisão. Sinto o olhar inquisitivo do rei, mesmo estando olhando para baixo e respirando fundo. A única coisa que me faz levantar a cabeça é o fato de saber que Ryan está ali, e não querer que ele pense que minha relutância no casamento seria culpa sua. Porque definitivamente não é. Ele precisa saber disso. Na verdade, ele é a melhor parte disso tudo. É a parte que vai me dar forças para continuar. E aparentemente, a única parte que não me vê como uma peça num jogo de xadrez, ou como um objeto de troca. Já que mesmo depois de tê-lo deixado plantado e sozinho próximo ao lago, ele não deixou de ser gentil comigo, e não trouxe o assunto de volta à tona. E apesar de ter feito isso, não consigo olhar para seus lábios e deixar de lembrar de seu toque terno, quente e doce, e me sentir atraída por ele. Me sinto ligeiramente envergonhada ao sentir que Ryan olha para mim da mesma maneira que olho para ele, com seus olhos de céu parecendo embrenhar profundamente minha alma, embora saiba que isso não pode ser possível. -Bem, Lea, o seu prazo acabou. Temos duas nações inteiras ansiando por sua resposta. Nós dois sabemos que não há muita opção, porém é necessário uma resposta vinda de você. E será melhor para todos que o povo acredite que foi uma decisão espontânea, um casamento realizado de boa vontade por ambas as partes. Então, terei de forçá-la ou você dará a resposta certa por conta própria? Sinto a ameaça na voz do Rei, e por um momento tenho medo do que meu tio seria capaz de fazer comigo para me obrigar a fazer o que for de sua vontade. Olho para Ryan, sentindo seu olhar de desconforto com a situação. Mas quando ele repara que estou olhando para ele, ele rapidamente muda de expressão, tentando me transmitir apoio. E é às vistas deste olhar e com um pouco menos de pesar nos ombros, que ergo a cabeça e olho para meu tio como nunca havia feito antes. Sinto a força da responsabilidade que tenho para com o meu país, e digo, com o máximo de autoridade que consigo, enquanto encaro o monarca sentado em seu trono. -Em nome do Reino Unido, pelo Reino Unido, e somente pelo Reino Unido, eu me casarei com o príncipe Ryan. - eu digo, procurando expressar com clareza e manter a voz firme, a fim de mostrar ao meu tio que ele estava me obrigando a fazer algo que era contra minha vontade. Olhei para Ryan, e vi o olhar desafiador que ele lançava para o rei. Repentinamente, ele se levantou e veio até mim, parando do meu lado e segurando a minha mão, com carinho. - Nossa aliança e nosso casamento terá a firmeza necessária para levar a Irlanda ao seu auge. Governaremos com a dedicação e o amor que viremos a sentir um pelo outro, dando ao povo irlandês a esperança de um país próspero, justo e seguro. Sorrio para ele, feliz por tê-lo do meu lado, me apoiando. Acaricio sua mão, em forma de agradecimento. -Esta noite haverá um baile para comemorar o noivado. Em dois dias, vocês embarcaram com destino à Irlanda. Venho me correspondendo com o Rei e a Rainha irlandeses, e eles já estão planejando uma festa de noivado para os dois. Devem partir logo cedo para chegarem a tempo. O Rei se levantou, arrastando consigo sua capa de veludo vermelho. -Vossa Majestade - eu o chamo, vendo ele se virar com expressão impaciente - Como futura princesa e rainha da Irlanda, considero conveniente que eu comece a reunir minhas futuras damas de companhia. -E quem você sugere, Lea? - ele me perguntou, com certa ironia na voz. Seu olhar era autoritário e desafiador. -Eu não sugiro, Vossa Majestade. Se me permite dizer, eu exijo. Já que a minha aceitação com qualquer tipo de relutância a essa aliança poderia ter causado prejuízos desnecessário à Coroa, eu creio ter direito à escolha de minhas damas de companhia, já que devo depositar minha confiança nelas. Eu digo, dando um passo apenas em direção ao Rei. Os olhos de Ryan brilharam ao perceber o jogo que eu estava jogando, e resolveu participar também. Colocando a mão em minha cintura, lança para mim um sorriso divertido, e ao mesmo tempo, delicado, entrando em sintonia com meus pensamentos. -Bem, você pode escolher a dama que quiser para levar consigo para a Irlanda, Lea. Qualquer uma, independente da atual posição na hierarquia, será muito bem recebida e tratada de acordo com o novo posto, sendo incluída nos novos círculos sociais. - ele disse. Olhei de canto de olho para o Rei, podendo ver uma sombrancelha levantada, indignado, como se alguém tivesse lhe dado um tapa na cara, percebendo justamente a mesma coisa que eu havia percebido alguns segundos atrás: a partir do momento que me casar com Ryan, serei a princesa da Irlanda. Deixarei de ser responsabilidade dele, e suas palavras não terão tanta influência sobre minhas atitudes. Serei agora, parte da família real irlandesa, e ele não terá mais o poder de tomar decisões por mim. Com a voz mais satisfeita que consigo falar, mas com um sorriso delicado nos lábios, falo, olhando diretamente para Ryan: -Muito gentil da sua parte, Vossa Alteza. Eu ficaria honrada se pudesse levar comigo a filha da criada Devona, Catherine. Eu lhe asseguro que ela é digna de extrema confiança. E tê-la comigo na Irlanda me faria me sentir mais à vontade e acostumada com a vida fora da Inglaterra. -Tenho certeza, Lady Lea. Se é o que quer, é o que terá. - Ryan diz, me olhando, sem tirar o sorriso do rosto. -Bem, já que está decidido, vocês estão dispensados. - o Rei diz, com a voz calma. Saí de braços dados com Ryan da sala do trono. Mas por acaso, olho de relance para o Rei a tempo de ver sua expressão de raiva. Notei que havíamos acabado de começar uma briga com o Rei da Inglaterra, e usaríamos todas as nossas armas para vencê-la.
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UUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUHHHH TREEEETAAAAAAAAAA!!
Gente gente, eu acho que agora os dois atiçaram o rei mesmo...
Capítulo 4 já tá quanse pronto para vocês! Beijinhos!










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