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CAPÍTULO 1 (completo)

  • maridasx8
  • 31 de jan. de 2017
  • 14 min de leitura

OK, já está na hora.

Abro cuidadosamente uma fresta da porta do quarto e olho discretamente, procurando por algum sinal dos guardas no corredor. Assim como o previsto, nenhum dos homens se encontra na ronda, deixando o caminho livre para a minha fuga.Pego o candelabro na estante ao lado da minha cama e saio do quarto, fechando a porta e evitando qualquer barulho. 


Sozinha no corredor escuro iluminado apenas pela luz tenebrosa da minha única vela, sigo meio correndo meio andando até as escadas em espiral, congelando até mesmo com o barulho dos meus próprios sapatos batendo no chão e com as sobras que a chama tremeluzente da vela criavam sobre a minha silhueta.


Meus pés me guiam sozinhos, como se estivessem sendo puxados por uma corda no labirinto de corredores do castelo, o castelo que eu conheço como a palma da minha mão. As saias longas do meu vestido de cetim me impedem de andar mais rápido, e mesmo se não fosse por elas, o corpete sufocante me apertando as costelas seria o bastante para me impedir de ir mais rápido. Droga de etiqueta que não permite que as donzelas usem calças e blusões como os homens! Mas a culpa deste desconforto pode ser descontada em mim,  sendo que não me dei ao trabalho de colocar a camisola de seda hoje antes de sair. 

Um ruído no canto do salão de entrada me faz congelar no lugar onde estou, não me permitindo dar mais um passo sequer para me esconder.

"Me pegaram", penso aflita, "É agora que me pegaram e vão me levar ao meu tio...".

Um alívio imensurável se apoderou de mim quando me toquei de que não era ninguém, somente Beethoven, o gato de Lora. Seus olhos de espelho brilham com desdém à luz da vela e ele se vai, correndo pelas escadas.

- Gato idiota... - resmungo enquanto volto a correr para a entrada dos criados.

Saio do castelo, sentindo o vento frio da noite inglesa assoprar o xale turquesa dos meus ombros. Fios soltos do meu coque de tranças chicoteiam o meu rosto e o cheiro doce do ar indica que uma chuva estrondosa está por vir. Sigo correndo até a única fonte de luz local: os estábulos.

Logo que chego a poucos metros do estabelecimento sinto o cheiro familiar de pelo molhado, esterco de cavalo e palha que provém dos estábulos. A portinhola de madeira semi-aberta dá passagem para a luz oscilante dos candelabros das paredes e range quando eu a empurro delicadamente, anunciando a minha entrada para a figura alta que se encontra no meio do estabelecimento.

Sean Smith, o capitão da guarda real inglesa, se volta para mim com seus olhos cinzentos e profundos e sorri. Sorrio involuntariamente de volta e retiro meu xale enquanto fecho a porta, cessando o barulho do vento noturno.

- Por quê demorou tanto? - Sean pergunta, vindo até mim.

- Não demorei, você é quem estava ansioso pela minha presença. - digo com um sorrisinho travesso no canto dos lábios.

Sean toma minhas mãos nas suas e as leva aos lábios macios e quentes.

- Como poderia não ansiar pela sua presença, sendo que esta se faz a mais preciosa do meu dia? - Sean diz, galanteador.

- Ora, vamos. Tantas donzelas por aí, deve haver alguma que lhe agrade a presença! - faço charme.

- Pode até haver, - ele diz se aproximando mais - mas nenhuma delas é você, Lea.

Pisco os olhos quando o capitão da guarda toma meu rosto nas mãos e o leva até o seu, tocando nossos lábios. Eles se mexem juntos, como uma harmonia de violino lenta e cheia de emoção. As mãos de Sean descem até meus ombros e até a minha cintura, envolvendo-a com os braços. Minhas mãos envolvem seu pescoço,  mas não consigo chegar mais perto devido ao grande volume das anáguas do meu vestido vinho.

Percebendo que não conseguiria chegar mais perto de mim com a existência desta barreira tecida a linha, Sean tateia minhas costas até encontrar a ponta da fita do meu corpete, a puxando.

Paro o beijo por alguns segundos para sentir a leveza com que o ar entra em meus pulmões. Inspiro uma, duas, três vezes, sentindo o prazer do ar gélido em meu peito. Durante todo este tempo, Sean olha para mim, aguardando o fim do meu ritual e pacientemente esperando o meu fôlego ser retomado.

Assim que me recomponho, aperto mais as mãos envolta do pescoço do capitão, o puxando para mim e beijando com mais ferocidade. Sean acompanha o meu ritmo, apertando mais minha cintura e afrouxando as amarras do corpete rendado. Passo as mãos para dentro da camisa branca do rapaz, arranhando-lhe as costas levemente, mas de forma que ele se empertigasse, me levantando um pouco do chão. Beijo o pescoço de Sean e sinto-o arrepiar-se sob meus lábios.

Sei que eu não passarei disso esta noite: beijos calientes e mais ousados. Mas gosto de deixá-lo pedindo, ansiando por mais de mim. Por isso, quando sinto os dedos de Sean encontrarem a borda do corpete e fazerem uma pressão decidida para cima, me afasto delicadamente com selinhos.

- Por que faz isso comigo? - o capitão reclama enquanto ajeita a gola da camisa, agora amarrotada.

- Porque é prazeroso. - respondo simplesmente enquanto tento puxar a fita do corpete.

- Seria mais prazeroso ainda se me permitisse terminar o serviço, Lea. - resolve me ajudar, entrelaçando novamente a fita frouxa em minhas costas.

- Em um estábulo? Deitados na palha do chão? - levanto a sobrancelha para ele com deboche - Essa é a sua ambição para uma noite de amor?

Sean fica vermelho e olha para baixo, sem falar nada. Percebendo que o comentário o deixou inibido, resolvo puxá-lo para a cama de palha do antigo serviçal.

Nos sentamos sobre o colchão de palha, sentindo ela se quebrar abaixo de nós com estalos.

Antigamente este estábulo era onde ficavam as éguas prenhas da cavalaria. Mas como hoje em dia nenhum das éguas está carregando mais um filhote no ventre, o local fica vazio, e acabamos tomando posse do lugar.

Encosto minha cabeça no peito de Sean e sinto as batidas rápidas de seu coração. Minha pele coça ao entrar em contato com a poeira do colchão, mas não me permito sair dali.

Depois de um tempo conversando, eu e Sean sentimos que já é hora de ir. Nos despedimos com um beijo de boa noite e eu saio primeiro, deixando o rapaz esperando atrás de mim. Como eu imaginava, uma leve garoa começou a cair, leve o bastante para que eu consiga me preteger com meu xale.

Quando chego ao castelo subo as escadas, sigo o mesmo caminho da ida e entro no meu quarto. Coloco o candelabro com a vela que consegui manter acesa na minha mesinha e desamarro o corpete do vestido com pouca dificuldade. Em pouco tempo eu já me encontro​ de camisola de seda azul clara e com meus cabelos longos e dourados soltos até a cintura, assentada na cama.

Encosto minha cabeça no macio travesseiro de penas de ganso e em pouco tempo pego no sono.

***

-Tem visita, alteza. - avisa a empregada, através de uma fresta da porta logo depois de bater na mesma.

-Devona... Eu não sou princesa! - reclaro, revirando os olhos e rindo baixinho, como manda a maldita etiqueta.

-Ainda! Mas se quer, posso chamá-la de madame. - ela respondeu, colocando bastante ênfase na palavra "ainda" e entrando por completo em meu quarto.

Volto a rir pela resistência da empregada em usar formalidades.

-

Oh! Não está pronta ainda? Mas eu mandei Catherine vir ajudá-la! - ela se espanta.

-Ela veio, Devona, não se preocupe. Eu que disse que estava tudo bem e que ela poderia voltar a ler mais um pouquinho. - defendo minha amiga, filha de Devona.

-Madame! Perdão, mas se me permite, Catherine precisa começar a aprender a trabalhar no castelo! Ela anda muito preguiçosa! E você já deveria estar pronta, seu tio é capaz de brigar comigo e com você! - ela diz, sussurrando a última frase. E por mais chato que fosse, ela estava certa.

-Eu não a teria dispensado se soubesse que teríamos visita... - lamento, já sentindo o corpete voltar a ser apertado por Devona, dificultando a entrada de ar em meus pulmões.

Em poucos minutos eu estava pronta. Se tem algo de eu que não posso reclamar na minha vida é de que não estou arrumada o bastante. Por mais que eu viva reclamando dos vestidos com corpete apertado, não posso negar: adoro a forma com que todos os homens me olham quando passo usando os vestidos feitos à medida para mim. Os tecido, os bordados, os detalhes, as fitas, tudo me faz sentir tão bonita que tem dias que não sei porque reclamo tanto deles. 

Hoje Devona escolheu para mim um vestido azul claro com saia e corpete de seda. As anáguas pendiam volumosas por baixo do tecido delicado, marcando a minha cintura fina sob corpete com fita branca perolada. Os detalhes dourados na seda azul feitas por fio de ouro formavam desenhos de raminhos e flores por toda a extensão do vestido. 

Meus cabelos são deixados soltos até a cintura e presos na frente por uma trança fina que termina na altura das minhas costelas. Meus sapatos de bico fino arredondado e com um salto não muito baixo são as únicas coisas que eu mudaria, pois são extremamente desconfortáveis e certamente me deixarão com os pés cheios de bolhas e machucados.

Notando que estou mais do que atrasada, desço pelas escadas em espiral até o salão.

-Desculpem-me o atraso, mas eu... -  começo, ignorando completamente a expressão de desaprovação do meu tio. Mas paro assim que noto que visita tão importante estávamos recebendo.

-Oh! Ryan...! - a cara de meu tio fica mais brava ainda. Eu não entendo, até que noto a recepção educada e maravilhosa que eu havia feito - Que bom que veio! O que o trás aqui? - eu pergunto gentilmente, me aproximando. 

Ele pega a minha mão e a beija delicadamente.

-Bom, lady Lea, na verdade eu vim para conversar com a senhorita. - ele diz cabisbaixo, se sentando na grande mesa de madeira escura que estava no centro do salão.

Eu me sento também e olho para ele com uma expressão de dúvida. Realmente, não sabia o que era tão importante assim. Claro, somos prometidos um ao outro (mesmo que eu discorde plenamente). Mas a data do pedido de casamento (sim, até isso foi milimetricamente planejado, como tudo em minha vida) era só daqui a três anos!

Assim que a palavra casamento invade meus pensamentos, eu começo a temer o pior.

-Lea. Você tem posse de uma beleza incrível, uma educação surpreendente e... Eu não conheço ninguém melhor do que você para esse papel.

Ah, não. Discurso romântico não. Meu corpo treme um pouco ao perceber que a probabilidade de aquilo acontecer aumentava mais e mais.

Ele se ajoelha e pega uma caixinha de veludo preto do bolso do terno. Dentro dela havia um anel. Era feito de ouro branco, cravejado com brilhantes pequenos e delicados, decorando os desenhos no ouro. 

Era um anel muito preciso, e ao mesmo tempo bastante delicado.

- Senhorita Lea Wessex... Concederia a mim e a toda a Irlanda a honra de tê-la como minha esposa e futura rainha irlandesa? O seu tio aprovou e já nos concedeu a sua bênção!

Xingo o meu tio em pensamento. Como ele pôde? Eu tenho 18 anos! E lá estava o príncipe da Irlanda pedindo minha mão em casamento, que já foi praticamente dada a ele sem o meu consentimento! E eu nunca daria esse consentimento! Não com o Sean e eu nos amando tanto!

Uma tosse forte vinda do Rei interrompe meus pensamentos, me fazendo perceber que não havia respondido ainda.

-Eu... Gostaria de um tempo para pensar... Me pegou tão de surpresa, não estava esperando isso por agora... - digo, olhando para meu tio que finge não me ver.

-Claro! O tempo que você precisar.

Responde Ryan. Mesmo um pouco sem graça, estava sendo compreensivo como sempre.

-Acho que uma semana já é tempo suficiente, não? - sugere o Rei.

Nossa, tio, obrigada, obrigada mesmo. Facilitou bastante a minha vida, sabe, aquela que você controla.

-Eu... Acho que não é necessário. - Ryan interrompeu, me aliviando imediatamente ao pensar que eu não sentiria essa pressão de "Você tem que tomar uma decisão! Você pode dizer não pois é sua vontade, mas dizer sim é o seu dever!" que eu claramente receberia do meu querido Rei da Inglaterra.

-Não, eu insisto.

Que ótimo! Uma insistência do Rei é uma ordem! Eu tinha uma semana para descobrir como dizer não para Ryan sem magoá-lo e continuar na família!

Eles ficaram conversando mais um pouco enquanto eu fingia interesse em assuntos econômicos, sociais...

-Com licença... - interrompeu Devona - Perdoem-me por interrompê-los, Vossa Alteza, Vossa Majestade... - ela faz uma reverência - Vossa Alteza, a princesa Lora, pediu que eu chamasse a senhorita Lea com urgência. Ela a espera em seu quarto.

Ah, meu Deus, o que aconteceu dessa vez?

-Com a sua licença, Majestade, Alteza... - inclino minha cabeça em uma reverência moderada em direção a cada um.

Meu tio faz um gesto com a mão, me dispensando, e saio andando atrás de Devona.

Ignoro as aulas de etiqueta e tento correr, mesmo com o corpete e a saia atrapalhando.

Abro as portas do meu quarto empurrando-as com força. O impacto das palmas das minhas mãos com a madeira dura e forte me causa dores, mas eu não me preocupo no momento.

-Oi, Lora, o que houve?! - pergunto, preocupada e a procurando pelo quarto. 

A encontro encostada na parede, encolhida no chão, com a cabeça entre os joelhos bem próximos ao seu corpo. O vestido volumoso a faz desaparecer no meio das saias e camadas. Me agacho na altura que ela está e acaricio seus cabelos sedosos.

-O Henry. - ela conseguiu dizer.

Henry é filho do duque de Cambridge, o menino por quem ela é apaixonadinha desde que os dois tinham 10 anos. Eu digo apaixonadinha porque Lora tem 12 anos, ela não sabe o que é o amor.

-O que aconteceu? Vocês brigaram de novo? - eu pergunto. 

Os dois são que nem preto e branco: muito diferentes e brigam o tempo todo, mas ficam muito bem juntos e não aguentam ficar separados.

-Pior. - ela sussurrou, ainda sem parar de encarar o chão.

Levanto as sobrancelhas, impaciente para saber de uma vez o que aconteceu.

-Ele... Me beijou. - ela finalmente diz, e enterra o rosto nas mãos para esconder a vergonha logo em seguida.

-Ei, ei...! - eu disse, pegando em suas mãos - Isso não é de todo ruim. Foi seu primeiro beijo! Me conte como foi! - tento acalmá-la, um pouco animada. Assim que notei que minha felicidade havia contagiado, bati palmas e me sentei com postura para ouvi-la.

-Estávamos passeando nos jardins e conversando. - ela começou - Nos sentamos em um banco e ficamos olhando o lago. Na verdade, eu olhando o lago e ele olhando para mim. Continuamos um bom tempo em silêncio, cabisbaixos e de mãos dadas, até que ele falou que achava que eu era a donzela mais linda do reino... Minhas bochechas ficaram ruborizadas imediatamente. Eu podia sentir nossos rostos se aproximarem aos poucos, e quando eu virei meu rosto ele encostou nossos lábios lenta e romanticamente. - ela terminou, sempre muito dramática.

-E você? - eu perguntei assim que ela acabou de contar.

-Eu? Saí correndo!

Agora eu entendia o motivo de tanta vergonha e drama.

-Bom, era o seu primeiro beijo... Ninguém tem um bom primeiro beijo... - eu digo, a fim de consolá-la.

-Tenho minhas dúvidas! - ela disse, decidida.

-Ah, é? Pois escute minha história! Eu estava em uma viagem para a Irlanda em um dos meus encontros obrigatórios com Ryan, quando decidi ir para a feirinha da cidade disfarçada. Estava perto de uma cabaninha de frutas quando um menino bem vestido e alto passou perto de mim e do nada me segurou e me beijou. Eu era um ano mais velha que você e já não estava mais tão assustada com essa história de beijo então eu não saí correndo, mas tenho certeza de que foi péssimo para ele tanto quanto foi para mim! Depois que ele me soltou ele pediu desculpas e disse que tinha feito aquilo só para fazer ciúmes em uma outra donzela que estava ali perto e saiu correndo. - Lora arregala os olhos. 

- Que ultraje! - ela exclama.

- Realmente! - sorrio - E sabe qual a parte mais vergonhosa? - Lora balança a cabeça falando que não - Quando eu voltei para o castelo real irlandês, eu descobri que ele era filho de um duque muito rico que morava no palácio. Todas as vezes que ele passava nos corredores eu me escondia de vergonha!

Rimos baixinho e educadamente da minha vergonha. Às vezes esquecemos que não temos olhos julgadores ao redor e nos forçamos a respeitar a etiqueta mesmo sabendo que não terá ninguém para nos cobrar!

Bocejo discretamente, mas ainda perceptível.

-Como estou com sono! - exclamo. Sempre tenho ficado cansada durante a manhã.

-Claro, fica saindo tarde da noite para ver o Sean! - ela responde, como se me mostrasse as consequências de um namoro escondido. 

Mas sei que secretamente ela me admira por ter coragem o bastante para fazer isso tudo.

-Só assim para manter o sigilo...! - eu digo, rindo um pouquinho.

Eu sei, não era para rir. Mas acho que é como um mecanismo de defesa, tornar as desgraças em piadas para evitar sofrimento.

-E como vai com o Príncipe irlandês? - indaga Lora interessada, ajeitando seu vestido amarelo com detalhes em pérola e se sentando no chão com a postura perfeita que nos foi ensinada.

-Ah, nem me lembre dele agora... - eu lamento, tristonha.

-Por quê? O que houve? - ela pergunta, preocupada.

-Ele me pediu em casamento!

-Mas... A data é só daqui a três anos! - ela lembra, surpresa.

- Eu sei! Mas seu pai já nos deu a bênção, mesmo que seja cedo demais. Eu ouvi falarem que a Irlanda está beirando a crise, e o casamento fortaleceria os laços com a Inglaterra, o que poderia estabilizá-los... - comento, lembrando das conversas que ouvi hoje entre meu tio e Ryan.

Isso que eu não aguento! Eles me movem como um peão no tabuleiro, sem se importar com o fato de que talvez eu não esteja pronta para casar ainda.

- E você vai aceitar, não vai, Lea? - Lora pergunta.

Me espanto com essa indagação.

- Claro que não, Lora! Como poderia? E o Sean?

Nesta hora eu vejo o olhar da minha prima mudar. Desde que ela tem 8 anos, Lora recebe treinamento e aulas de como governar, já que esta é a herdeira do trono inglês. Desde pequena aprendendo sobre política, economia, história e sociologia, para reger o povo da melhor forma possível.

Lora abraça essa função com os dois braços, se mostrando muito dedicada e centrada. Tudo o que pensa é voltado para o bem da Inglaterra, e nada mais. É essa menina que eu vejo agora, se mostrando tão indignada pelo fato de eu considerar não me casar com Ryan.

- Lea, se você não se casar com o Ryan, a Irlanda pode cair. E você conhece o ditado: Se um reino cair...

- ...o Reino Unido cai por inteiro. Eu sei, Lora. - reviro os olhos e suspiro - Mas não dá para eu me casar com ele, não consigo! Já se imaginou vivendo infeliz, ao lado de um homem que não ama enquanto seu amado está lá fora? Que tipo de vida horrível!

Lora se levanta em um pulo, o rostinho redondo de criança deslocado no pelo olhar altivo de uma futura rainha fervendo de indignação.

- Você é muito egoísta! - ela me repreende - Já pensou em como a população irlandesa sofrerá por conta de sua decisão egocêntrica? E se a Irlanda declinar? Terão de aumentar os impostos e o povo não conseguirá pagar! - abaixo a cabeça, envergonhada. Realmente não havia pensado nisso - Eu sei que você ama o Sean, e como sei! Mas o seu compromisso e sua obrigação em primeiro lugar é com a Inglaterra, e nada mais!

Lora sai andando pelo quarto batendo os pés. Ela para em frente à porta segurando a maçaneta, respira fundo e diz:

- Lea, você é mais velha, dona do próprio nariz, então espero que tome a decisão mais sábia.

A menina abandona meus aposentos, deixando-me sozinha com meus pensamentos.

Fico envergonhada pelo meu egocentrismo. Como uma menina de 12 anos consegue ser mais altruísta que eu? Como pude ser tão cega e tão narcisista ao pensar que isso tudo se referia somente a mim e a um acordo idiota feito antes que eu pudesse aprender a falar?

Essa nova visão dos fatos muda completamente o rumo que minha cabeça passa a tomar. A decisão de dizer um "não" já não é mais tão clara como antes, e a possibilidade de um "sim" torna-se cada vez mais aceitável e racional em minha mente.

Mas no meio disso tudo tem o Sean, meu doce, lindo e amável Sean. Como eu poderia viver sem ele? Quais as chances disso acontecer?

Encosto minha cabeça delicadamente no travesseiro da cama, tomando cuidado para não amassar meus cachinhos. Uma forte enxaqueca se faz notar, fazendo minha cabeça latejar de dor.

Fecho os olhos, para tentar clarear minha mente. No entanto, a única coisa que consigo pensar é sobre a difícil decisão que eu devo tomar em menos de uma semana, e no fato de que essa decisão pode alterar não só meu futuro, mas o futuro da população de todo um reino, toda uma nação!

No final, o que será que vai vencer o jogo de prós e contras que armei em minha cabeça: Paixão ou obrigação? 

~•~

YEYY! Gente, o que vocês acharam do capítulo um do nosso livrooo? E pra combinar com esse capítulo lindo, lá no Insta (@paixaoeobrigacao) e no Facebook (Paixão e Obrigação) vai ter foto da Lea e do Sean do jeito que nós, autoras, imaginamos, OK? Daqui a algum tempo tem capítulos exclusivos aqui!! 


 
 
 

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